A confirmação de que o mercado de trabalho dos Estados Unidos continua aquecido neste início de ano reduziu bastante a crença que ainda persistia em secção do mercado de que o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) poderia estrear um ciclo de cortes nos juros em sua reunião de março.
O payroll, o relatório da folha de pagamentos que mostra a geração de vagas fora do setor agrícola, apontou para 353 mil novos empregos em janeiro, oferecido muito acima da medias das projeções, que apontava para 180 mil vagas. Outrossim, os dados de novembro e dezembro foram revisados para cima, acrescentando 126 mil novas vagas às estatísticas.
O Morgan Stanley comenta em relatório que a ampla aceleração, que mostrou maior força em serviços profissionais e empresariais, varejo e saúde, elevou a média trimestral de 227 mil para 289 mil na conferência de dezembro com janeiro.
Outrossim, os salários também mostraram uma reaceleração, impulsionada pelo ocupação nos serviços, e a participação na força de trabalho manteve-se praticamente inalterada. “Em suma, um mercado de trabalho poderoso que dá poucos sinais de abrandecimento. Os dados de hoje reafirmam a nossa opinião de que a Fed ficará em espera até junho, fundura em que se espera que comecem os cortes”, diz o banco de investimentos em seu relatório.
O banco comenta ainda que o relatório sobre o serviço é mais uma prova de que o mercado de trabalho continua apertado e, por isso, o foco continua na inflação. E que todas medidas acompanhadas pelo Morgan Stanley devem mostrar o núcleo da inflação além de 2% no primeiro trimestre de 2024.
Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, concorda que o mercado de trabalho aquecido, a inflação subjacente persistente e a informação recente do presidente do Fed, Jerome Powell (que citou a premência de reunir mais evidências de que a inflação estaria convergindo para a meta para estrear a flexibilizar a política monetária), corroboram com sua a visão de que o ciclo de incisão de juros nos EUA deve estrear unicamente no terceiro trimestre deste ano.
“No entanto, reconhecemos que existem chances de um incisão no segundo trimestre caso o núcleo da inflação, medido pelo PCE, surpreenda nas próximas divulgações e venha inferior do esperado”, pondera.
O raciocínio é semelhante ao de Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimento. “Foi um payroll bem forte, com uma revisão também forte dos dados de dezembro e que tira muita força do argumento de que existe uma chance de cortes de juros em março”, comenta.
Ele cita os dados da plataforma da CME que acompanha as projeções de juros, que recuaram para uma probabilidade de unicamente 21% de cortes em março depois da divulgação do payroll.
Além do oferecido principal muito poderoso, o economista destaca que, na abertura do indicador, é provável ver que a geração de empregos foi potente na faixa etária dos 16 aos 19 anos, alguma coisa que só aconteceu recentemente quando havia escassez de mão de obra.
Sobre o incremento de salários, de 4,5%, ele lembra que esse patamar se distancia dos 3% que Powell disse que gostaria de ver para entender que não está havendo pressões na inflação. “Na minha visão, tira totalmente a chance de queda de juros em março. E com uma pulga na orelha se eles não podem demorar até junho.”